Porta aberta

            Ele não é o homem da minha vida, mas é o que ta me fazendo bem no momento. Talvez seja isso que no fundo a gente precise: alguém que nos faça bem, alguém de riso frouxo e presença leve. A vida se torna fadigada quando carregamos algumas pessoas e lembranças nas costas, a vida se torna sem graça quando a gente se apega a algo que já passou. Porque tudo que não permanece no presente, não é digno de ser tirado do passado. É preciso levantar a cabeça e deixar a porta do coração aberta para que a vida possa se movimentar, é preciso parar de sofrer por nada, porque o sofrimento é evitável, e na maioria das vezes o sofrimento não passa do nosso ego gritando,  da nossa prepotência falando mais alto, e quando isso acontece, é preciso abrir a janela, enxergar o sol e perceber que a vida permanece instável, em eterno movimento, é preciso aceitar que o tempo passa, que as coisas mudam, assim como nós mudamos também, perceber que certas lágrimas são desnecessárias, porque a vida é curta e linda ao mesmo tempo, sofrer desnecessariamente por algo que já passou e que não importa mais é ser injusto com todo esse encanto que é o viver tem para nos oferecer.  Durante muito tempo eu compreendi, dei colo, escutei, mas sinto que agora chegou a minha hora, chegou minha vez de pedir um pouco de atenção, ter um colo, alguém que ouça meus receios,  minhas dúvidas e expectativas, e que mesmo não corresponda, se esforce para corresponder. Ele continua não sendo o homem da vida. Mas a vida é feita de momentos, e hoje é do cobertor dele que meu corpo precisa.