segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Auto-retrato contado

         Para ser sincera, nada me agrada demais. Ao tempo em que faço parte de um tudo, pertenço ao nada. Não há nada em mim, nem ninguém. Sinto-me fora de um mundo que eu própria criei. Estou sempre em busca de uma verdade, e toda vez que acredito que a encontrei, ela trata logo de mudar de face, de fase. E eu volto à estaca zero. Quando me sinto fora de algo, trato logo de entrar. Não para pertencer a ele, ou ele me pertencer. Apenas para observar. Acho que sou isso: um ser observador. Pronto, talvez essa seja uma definição ideal para a minha pessoa. Sabe, acho lindo e grandioso a beleza desarmônica de cada ser. Nada é perfeito, pelo menos ninguém é. E mesmo assim, as pessoas me encantam. Mas esse encantamento dura um breve instante. Logo em seguida, me canso. As formas como as pessoas vivem as suas vidas, essas verdades incertas e incoerentes que elas insistem em gritar aos quatros ventos, isso tudo me torna preguiçosa e desanimada. Daí, para não me entregar  ao vazio existencial , tento achar algo em comum que entre mim e elas, porém mal consigo achar algo em comum comigo mesma. - Quem sou eu? Pergunto-me! Essa dúvida cruel que não me permite ser algo, sem antes saber ao certo o que esse algo é, faz com que eu fuja para dentro de mim mesma. E fujo. Ao fugir crio obstáculos e barreiras para que ninguém invada a minha introspecção. Daí começo a me deparar com um vastidão de coisas que absorvi durante tanto tempo, e que não me acrescentaram nada de grandioso e puro. Desespero-me e tento fugir de mim mesma. Mas não há como. As barreiras e os obstáculos que eu criei não me permitem . E eu acabo me devorando e me tornando a minha própria predadora.

3 comentários:

  1. Já estava sentindo sua falta, moça! Contou bonito, impossível não se apaixonar =]

    Beijo!

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  2. Maguinha, perfeito vê um auto-retrato tão perdido, mas tão auto-explicativo!
    amei!

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